O livro inclui o assento dos montantes recebidos e despendidos pela Misericórdia de Lisboa, no âmbito do desempenho das suas atribuições.

As receitas registadas provinham, sobretudo, da venda, aforamento, emprazamento ou arrendamento de propriedades fundiárias e urbanas, da cobrança do principal e juros vencidos de empréstimos concedidos a particulares, bem como de réditos associados à titularidade de padrões de juros reais, para além de tenças e ordinárias pagas por diversas repartições da Coroa.

Surgem também escrituradas as receitas que se encontravam aplicadas ao financiamento da criação dos expostos, nomeadamente, a parte dos emolumentos pagos pela assinatura dos ministros da Casa da Suplicação e pela tramitação das ações judiciais, a percentagem das desobrigas cobradas nas paróquias da cidade de Lisboa e as fianças pagas pelos presos.

Alguns dos réditos lançados no livro provêm de esmolas, da venda de géneros, dos acertos da conta corrente da Misericórdia com o Hospital de São José de Lisboa e o Hospital dos Expostos da mesma cidade, da prestação de cuidados médicos e da venda, por arrematação, dos bens dos doentes falecidos no Hospital de São José.

Os assentos de despesa relacionavam-se, sobretudo, com os encargos inerentes à criação dos expostos (vestuário, dotes e outros gastos com os seus casamentos) e ao funcionamento do seu Hospital, aos gastos correntes da Confraria da Misericórdia de Lisboa e da sua igreja (ordenados dos oficiais e outros de assalariados, transporte de doentes pobres para o Hospital Termal das Caldas da Rainha, aquisição de material de expediente para a Contadoria, realização de obras, auxílio material e espiritual às visitadas e aos presos pobres da Cadeia do Limoeiro da cidade de Lisboa, no que se incluía os gastos relativos aos seus processos de livramento).

O livro integra, também, o registo das despesas decorrentes de processos judiciais, do cumprimento dos encargos testamentários que oneravam as heranças e legados deixados por diversos beneméritos (pagamento a capelães, a merceeiras), bem como da satisfação dos juros da dívida passiva e do distrate dos seus capitais.

Destacam-se, ainda, as despesas correntes do Recolhimento das Órfãs da Misericórdia, do Hospital de Nossa Senhora do Amparo e do Hospital de Santa Ana.